Quando o assunto é linguagem corporal, pode apostar que aqui terá uma matéria.
A primeira capa da revista Veja de 2014 traz uma reportagem interessante sobre linguagem corporal, qual conta com citações de personalidades pertinentes ao tema, como: Paul Ekman, Pamela Meyer, Mark Bouton, Wanderson Castilho e outros.
Raquel Beer e Victor Caputo, autores da reportagem acima citada e denominada “Alguém vai mentir para você hoje”, publicada no site da revista, abordam de forma pertinente os estudos realizados por Paul Ekman.
Ekman, que por 15 anos dedicou estudos a linguagem corporal, em especial sobre microexpressão facial tendo como base a teoria da Evolução das Espécies de Darwin, catalogou as emoções de Alegria, Tristeza, Dor, Raiva, Nojo, Desprezo e Surpresa, inerentes a todos os seres humanos, de modo a estudar cada músculo que as compunha.
Assim, com tais estudos de Ekman, iniciaram-se programas do FBI com treinamentos especializados em técnicas de investigação. Deste modo surgiu um motivo especial para o estudo das microexpressões faciais: a análise da mentira.
O brasileiro que possui certificação conferida por Paul Ekaman, quando nos estudos sobre FACS (Facial Action Codying Sistem), é o então investigador e perito Wanderson Castilho, que atualmente trabalha na resolução de casos de crimes cibernéticos, corporativos e em outras áreas na sua empresa denominada E-net Security.
No final do ano de 2013, em uma prazeroza conversa que tive com Wanderson Castilho, ele me contara ainda que, além de ter certificação pelo FACS, ele também havia certificação conferida pelo BATI, sigla que em inglês significa “Behaviour Analysis Training Institute”.
Castilho conta em seu livro “Mentira – Um Rosto de Muitas Faces”, lançado pela editora Matrix em 2011, que o BATI é um organismo privado que há 28 anos treina, em alto nível, agentes da CIA e do FBI – por ali passaram, nessas quase três décadas, cerca de 20 mil pessoas, a maioria delas policiais e profissionais das agências de segurança do governo norte-americano, sendo que ele fora o primeiro e único brasileiro a ingressar nos cursos que fazem parte do BATI.
Ainda, o artigo da revista Veja conta com comentários e dicas de Pamela Meyer, especialista em mídia social, CEO da empresa de rede social Simpatico Networks, executiva chefe da consultoria Calibrate, que recebeu treinamento avançado em detecção de fraude, incluindo vários cursos de formação avançada e interrogatório, análise de microexpressão, análise de demonstrações, comportamento e interpretação da linguagem corporal e reconhecimento das emoções, cuja pesquisa fora sintetizada no seu livro “Liespotting”.
Meyer, discipula de Ekman, diz que: “Um desonesto sempre deixa marcas de sua mentira no próprio rosto, em sua fala, em seu corpo. Quer saber se um político corrupto está mentindo? Faça a ele uma pergunta totalmente inesperada, que o tire da zona de conforto, como um ‘por que o senhor teve de desviar dinheiro público?’, e note se sua face indica desprezo ou raiva, enquanto ele tenta se defender”. Em seu livro, Pamela dá dicas de como perceber quando alguém não é sincero. A mais essencial é procurar discrepâncias entre o que a pessoa diz e como se comporta. Se alguém garante que ama a esposa, mas seu rosto denuncia um sentimento de desprezo, pode se tratar de uma tentativa de enganar o interlocutor. Diz Pamela: “Com muita prática, flagrar a mentira se torna algo automático, como dirigir um carro”.
A partir das informações trazidas pelos autores acima citados, a Veja ilustra brevemente comentários tanto sobre o poligrafo (máquina de detecção de mentiras), bem como acerca dos algoritmos utilizados pelos programadores de Sistema da Informação na detecção de perfis falsos em redes sociais. De tal forma, apresenta-se também um quadro elaborado a partir dos estudos de Ekman, em que se pode observar as mais diversas expressões faciais das emoções inerentes a todos os seres humanos e a movimentação dos músculos faciais pertinentes a elas.
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Polígrafo
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Mark Bouton, Diretor Assistente do Programa de Pós-Graduação de Neurociência, Ph. D. certificado pela Universidade de Washigton, ex-agente do FBI, autor de um livro sobre sua experiência policial na detecção de mentiras pela análise da linguagem, das expressões faciais e das posturas corporais, afirma que: “Todo mentiroso pego com a guarda baixa precisa ganhar tempo para se recompor e continuar com sua história falsa”. Bouton diz que mentir cansa e o mentiroso tem dificuldade de manter a mesma história por longo tempo. “Mentir é estressante, já que é preciso ficar atento, tenso, o tempo inteiro”, concorda a psicóloga Leila Tardivo, da Universidade de São Paulo.
10 sinais que segundo a experiência do ex-agente do FBI apareceram associados a alguém decidido a mentir. São eles:
1. Tocar nervosamente a ponta do nariz, a região logo abaixo dos olhos ou cobrir a boca ao falar.
2. Fugir da pergunta e evitar o essencial, dando excesso de detalhes sobre fatos desconectados do ponto central.
3. Alguém que fala com correção, e começa a cometer erros gramaticais grosseiros quando o assunto central da questão é levantado.
4. Afastar a cabeça ou jogar os ombros para trás como reação a uma pergunta direta são movimentos defensivos de quem não quer responder (não necessariamente mentir).
5. Fazer gestos incompatíveis com a emoção descrita revela um esforço mental enorme em não fugir do enredo inventado.
6. Repetir a pergunta que acabou de ser feita integral ou parcialmente é sinal de que a pessoa quer ganhar tempo para construir uma história falsa.
7. Manter todo o tempo os punhos fortemente fechados ou as mãos no bolso é indicador de que a pessoa não quer dizer algo que considera valioso para quem pergunta.
8. Cruzar e descruzar as pernas ou balançá-las descontroladamente são reações defensivas ao mesmo tempo físicas e psicológicas de quem se sentiu incomodado com a pergunta.
9. Quem percebe que está dizendo coisas desconexas ou falsas tende a terminar as frases (mesmo as sérias) com um sorriso e encolher ligeiramente os ombros.
10. Quando uma pessoa está mentindo, ela tende a fechar os olhos por mais tempo, como se procurasse internamente uma resposta.
Raquel Beer e Victor Caputo questionam o leitor: São provas de que alguém está mentindo? E respondem acertadamente: “Não. São reações que um interrogador profissional percebeu em pessoas que, mais tarde, por associação com evidências físicas, se mostraram culpadas. Ainda, passam o conselho de Bouton: ‘Não saia por aí gabando-se de ser capaz de flagrar mentirosos’. Bom conselho, pois a experiência humana é rica e diversa demais para ser enquadrada em alguns sinais exteriores. Além disso, a mentira é companheira da espécie humana há tempo demais para se revelar facilmente”.
Ainda, a reportagem conta acerca das lorotas desmascaradas na postura e nas palavras, conforme os respeitados especialistas no assunto Wanderson Castilho, Pamela Meyer e Bianca Cobb (psicóloga do Instituto de Linguagem Corporal, em Washington), que analisaram vídeos históricos com depoimentos de personagens famosos flagrados em evidente dissimulação corporal ou enganação verbal – o conteúdo ainda será objeto de matéria aqui no Body Language Brazil.
Por fim, a matéria publicada na webpage da Veja traz um Quiz com 16 perguntas, elaborado por Pamela Meyer, para você poder testar suas habilidades na detecção de dissimulação e mentira alheia.
Hipnose Conversacional
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
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